As aparências enganam

Por Maria Carolina Borges Dal´Magro

Você já deve ter escutado essa frase, ou melhor, já deve ter experimentado o sentimento de surpresa ao descobrir que algo ou alguém era completamente diferente do que você imaginava.

O fato é que, de forma involuntária ou intencional, estamos constantemente formando opiniões pelo que vemos, ouvimos e sentimos. As vezes optamos por não conviver com aquele a quem julgamos “diferente” de nós, em outras, sequer damos a chance para compreender e simplesmente ignoramos aquela existência.

Basicamente avaliamos tudo conforme nossa própria pauta. Funciona mais ou menos assim: Se alguém se encaixa aos nossos padrões, tudo ok, caso contrário nossa tendência é lançá-lo ao “inferno”.

A vulnerabilidade da mente ou a fragilidade das opiniões que formamos é algo que necessita estar claro em nossa consciência: Estamos passíveis a conclusões equivocadas e ponto. Somos seres sensoriais, suscetíveis ao que ouvimos, vemos e sentimos, tendo isso relação intima com nossas próprias características e experiências, e, na maior parte das vezes, nada tem a ver com a verdade como ela realmente é.

E quem é avalia a verdade, as ações e intenções?

Na caminhada Cristã, já ouvimos inúmeras histórias de fé, que inspiraram pregações pelo mundo a fora. Pessoas enfermas que foram trazidas à vida. Pessoas que levavam uma vida completamente distante da, presumidamente santa, e que foram alvos da atenção de Cristo e transformadas.

Todos esses milagres, não só demonstraram a identidade de um Deus misericordioso e seu Poder, mas também o comportamento e a tendência humana frente a desgraça alheia, ainda que saibamos que somos o sal da terra e a luz do mundo.

Percebo que estamos tão a vontade em nosso meio religioso, a cantar os hinos de longos anos da caminhada cristã, que não paramos para analisar como tem sido a nossa relação íntima com Cristo e nosso mais importante ministério aqui na terra que é com as pessoas.

Parte da história conta que O Ministério de Jesus se desenvolveu numa época em que havia um rol taxativo de pessoas consideradas excluídas da sociedade, algumas delas eram os pobres, leprosos e cobradores de impostos. Acreditava-se que suas condições eram resultado de um castigo de Deus, logo, eram consideradas amaldiçoadas.

Jesus então veio e o que ele fez foi rasgar da forma mais cabal possível o véu da arrogância e prepotência daqueles que se achavam menos pecadores que outros, os quais testemunhavam da forma mais indigna possível o Deus raso a quem serviam.

Toda aparente derrota na vida de um justo, é o caminho que o levará para as bênçãos infindáveis de Deus.

Em Isaias 66; 2 diz assim: (…) Mas o homem para quem olharei é este: o aflito e abatido de espírito e que treme da minha palavra.

É importante compreender que haverá ao nosso redor pessoas já transformadas, pessoas que estão no processo de transformação e pessoas que ainda não conhecem a Deus, e qual tem sido o nosso papel nesse contexto?

Cristo no auge do seu Ministério esteve inteiramente envolvido com pessoas, sendo elas de todas as características possíveis.

No dia em que Jesus se reuniu na casa de Matheus, Ele e seus discípulos foram questionados pelos fariseus e os mestres da Lei: — Por que vocês comem e bebem com os cobradores de impostos e com outras pessoas de má fama? Jesus respondeu: — Os que têm saúde não precisam de médico, mas sim os doentes. Eu não vim para chamar os bons, mas para chamar os pecadores, a fim de que se arrependam dos seus pecados”.‬‬‬

O mais incrível dessa história é que a mensagem era para todos! Contudo, os judeus que deveriam ser os primeiros a aceitá-lo, simplesmente O ignorou, será que não estamos fazendo o mesmo hoje?

Até quando laçaremos nossa própria “matemática Cristã” para maquiar a verdadeira postura que Deus espera de nós? Estaríamos nós tão confortavelmente mornos na fé, que não sejamos capazes de compreender essa mensagem?

O meu desejo é que possamos ser verdadeiramente cristãos no quesito [amar as pessoas como elas são]. Esse exercício é simples quando lançamos fora a nossa própria maneira de pensar e olhamos para a vida e para as pessoas, pelas lentes do único que poderia nos julgar, mas ao contrário disso, nos acolheu.

Maria Carolina Borges Dal´Magro

Deixe um comentário